quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

O Dia da Desforra (The Big Gundown, 1966)

Sinopse
No Spaghetti Western destacaram-se três grandes “Sergios”: Sergio Leone, Sergio Corbucci e o não menos genial e provocador Sergio Sollima. Em 1966 quando realizou LA RESA DEI CONTI (um ano antes de Face a Face), Sollima inseriu inovações ao abordar temas políticos e também ao inserir novas formas de duelo neste filme. Ambos os fatores são marcados, por vezes expostos, por vezes mais subliminares pelo paradigma da fronteira e sua influência nos indivíduos.
O personagem Corbett (Lee Van Cleef) nos é apresentado primeiro no meio político e burguês para depois ser inserido no “oeste”. Um poderoso capitalista oferece apoio a Corbett para sua candidatura ao Senado em troca da captura do mexicano Cuchillo Sanchez (Tomas Milian) que pode ameaçar seus planos de construir uma ferrovia ligando o México ao Estados Unidos. A ferrovia visto como elemento de expansão da fronteira, elemento chave e norteador de Era uma vez no oeste fica em segundo plano em LA RESA DEI CONTI para ressaltar como a fronteira influencia o meio social e a constituição do comportamento dos indivíduos. Logo no início do filme, quando os capitalistas fazem o acordo com Corbett, eles se referem ao mexicano como um vagabundo ao qual só sentem desprezo. O poder dessas pessoas fica destacado quando eles entregam a estrela de xerife a Corbett. Num lugar longínquo o Estado se subtrai ante o personalismo de certos indivíduos que se adaptam ao meio e ao “sistema” que este impõe. E para acentuar ainda mais as diferenças, Sollima transpõe seu olhar do ambiente burguês para um povoado mexicano, destacando as diferentes condições de vida. Mesmo quando não visualizamos o personagem Cuchillo Sanchez, fica apontada sua esperteza ante um formalismo do americano e quando visualizamos o mexicano temos sua risada estridente e um tom caricatural. Uma clara diferenciação que traz a ambigüidade presente na fronteira: um tom pejorativo e certa elegia ao elemento que fica “do outro lado”. Esta ambigüidade também se faz presente pelo caráter europeu dos realizadores do filme, que traz a necessidade de olhar e resgatar os elementos do Terceiro Mundo e refletir sobre o processo de descolonização e a atuação da Europa nos séculos precedentes. Uma crítica também se faz presente, pois o personagem europeu do filme, um Barão, se alia com os americanos e apresenta uma postura fria e elitizada que o diferencia das culturas americana e mexicana.
Nesta relação de dois mundos entrelaçados fica destacada a atitude impositiva e expansionista americana, quando Corbett prestes a entrar em solo mexicano diz que “- o que vale é a lei de seu país”, mas é avisado que se atravessar a fronteira a questão se transforma em um assunto pessoal. Para Corbett, Cuchillo é um assassino que deve ser enquadrado no seu mundo e ele não consegue perceber e aceitar a diferença cultural. Isto é destacado quando na prisão Cuchillo canta a mesma música que o guarda (uma pequena, mas peculiar participação do grande Fernando Sancho) e apesar de estar preso como Corbett, a identidade cultural é diferenciada, bem como sua forma de atuação naquela situação.
Contudo, a fronteira não deixa de modificar o próprio Corbett, quando ele rouba o cavalo de uma família agredindo um homem. Temos uma modificação dos traços individuais e também coletivos, pois os poderosos mobilizam o “seu exército” para perseguir Cuchillo Sanchez. Novamente o Estado e as instituições não se fazem presentes.
Sollima insere um tom mais bizarro nas cenas em que Cuchillo se esconde numa fazenda dominada por uma mulher autoritária e sadomasoquista. Com os agitados anos 1960 e a Revolução feminina, a personagem de Nieves Navarro exprime a revolta e o enfrentamento do mundo masculino, mas o filme aponta o despreparo para essa autonomia, quando ela pede a Corbett que não a deixe sozinha. Devemos destacar a inserção da história no século XIX, mas não podemos esquecer da possibilidade do viés masculino ainda predominante e uma possível reação apontada pelas lentes de Sollima. O filme apresenta dois duelos peculiares para um Spaghetti: quando Cuchillo enfrenta um touro e quando embate-se com os americanos onde ele não usa armasn de fogo, mas uma faca. Quando Corbett descobre que a morte de Cuchillo era desejada por que ele assumiu a culpa pela violação de uma menina para encobrir o genro do poderoso capitalista, Corbett dá a esse a chance de enfrentar seus algozes. Numa cena memorável, Cuchillo caminha pelas montanhas e emerge “do deserto”, onde os ângulos dão uma supra-dimensão ao mexicano, mas também mostra a grandeza do ambiente e a pequenez do ser humano. Duas dimensões que se imbricam, como a relação entre Cuchillo e Corbett, mas entre esses os caminhos a seguir são diferentes e ainda não conseguem se encontrar.




Elenco
Lee Van Cleef ... Jonathan Corbett
Tomas Milian ... Cuchillo Sanchez
Luisa Rivelli ... Prostitute of Willow Creek City
Fernando Sancho... Capt. Segura
Nieves Navarro... The widow
Roberto Camardiel... Jellicol (as Robert Camardiel)
Tom Felleghy ... Father of Chet Miller
Benito Stefanelli... Widow's ranchero
Walter Barnes ... Brokston
Gérard Herter ... Baron von Schulenberg
Lanfranco Ceccarelli... Jack (as Lanfranco Ceccarelli)
María Granada ... Rosita, Cuchillo's wife
Nello Pazzafini ... Outlaw
Spartaco Conversi... Under-gaoler
Romano Puppo ... Widow's ranchero




Ficha Técnica
Director:Sergio Sollima
Escritores:Sergio Donati, Sergio Sollima
Release Data:29 Novembro 1966 (Espanha)
Genero:Western

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